18.4.07

Epílogo

18.4.07
Qual o círculo penitenciário
de quem precisa de ferir-se?

Onde conter
tantos, tantos réus?

O louco recuperará
a sua loucura?

Algum suicida passará
incólume como fio pela agulha?

O mal será tão-só
a consumação dos séculos?

Quem servirá de exemplo?
Um cordeiro degolado no templo?

Teremos árvores? Os nossos
fundos ascendentes vegetais?

E ressurgindo (se ressurgirmos)
seremos ricos de benevolência?

Erguer-se-ão entre os mortos
as vieiras, os tímidos ouriços do mar?

Quem amou voltará a amar?
Quanta mesiricórdia na justiça final?

Criação do nada perfeito,
dúplice cristal da morte?

António Osório

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