de quem precisa de ferir-se?
Onde conter
tantos, tantos réus?
O louco recuperará
a sua loucura?
Algum suicida passará
incólume como fio pela agulha?
O mal será tão-só
a consumação dos séculos?
Quem servirá de exemplo?
Um cordeiro degolado no templo?
Teremos árvores? Os nossos
fundos ascendentes vegetais?
E ressurgindo (se ressurgirmos)
seremos ricos de benevolência?
Erguer-se-ão entre os mortos
as vieiras, os tímidos ouriços do mar?
Quem amou voltará a amar?
Quanta mesiricórdia na justiça final?
Criação do nada perfeito,
dúplice cristal da morte?
António Osório
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