os lobos afastam-se das aldeias
regressam ao negro das florestas
e os bêbados tentam ainda
forçar a entrada num bar.
A claridade nos olhos da rapariga
não deixa ninguém abandonar
a última mesa e ir para casa.
O homem casado pergunta
«onde deixei eu a minha vida?»
o homem solteiro responde
«meu amigo, não há vida senão a conta».
A manhã está a chegar,
a tristeza dos que acordam
não deixa dúvidas,
nem sequer o desespero
dos que se não querem deitar.
Há lobos que não comeram,
que não sentiram o medo da vítima
mas o cansaço vence-os à mesma
Hão-de dormir como se tivessem cumprido
aquilo para que vivem.
Pois a manhã está a chegar.
Paulo José Miranda
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